domingo, 8 de março de 2009

FERA, BICHO, ANJO... MULHER


RECEITA DE MULHER

As muito feias que me perdoem
Mas beleza é fundamental. É preciso
Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então Que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa).
Não há meio-termo possível. É preciso
Que tudo isso seja belo. É preciso que súbito[...]
Que ela não perca nunca, não importa em que mundo
Não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade
De pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma
Transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre
O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto
Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação imunerável.
(Vinícius de Moraes, 1990)





SINS E NÃOS
Por Veruska Queiroz


Não, hoje não tem foto. Hoje vou nua, mas não crua. Lua, cheia de fases e faces no meio da rua. Hoje vou vestida dos meus sins e dos meus nãos. Hoje vou vestida totalmente de mim mesma.

Sim, eu já sonhei ser bailarina de carreira. Depois malabarista. Depois atriz. Depois apresentadora. Qualquer coisa para estar num palco. Sim, tenho formação em Ballet Clássico, dancei Jazz, Sapateado e Flamenco e todas essas formas de expressão corporal - além de serem paixões em minha vida - ensinaram-me coisas lindas que, entre milhões de outras fizeram parte da minha formação pessoal: disciplina, boa postura, excelente consciência corporal e refinado senso estético, autoconhecimento, auto-estima, respeito ao espaço do outro, determinação, superação. Fiz aula de canto no colégio e fiz curso de teatro na adolecência. Escrevi, dirigi e atuei com as amigas de infância e adolescência muitas pequenas peças para apresentar na escola. Lembro-me de todas elas até hoje, emociono-me e tenho muito orgulho dessas experiências. Queria ter aprendido piano e adoro também violino.

Não, meus sonhos de infância não foram todos realizados, obviamente. Mas continuo em cima do palco... o palco da minha vida, da interação com as pessoas e com o mundo, o palco onde são encenadas todas as minhas glórias... e virei Psicanalista - embora para tanto, eu tenha de sair do palco temporariamente e deixar outros personagens atuarem, pois esse é um dos princípios básicos dessa profissão tão linda.

Não persisti em todos os meus sonhos (todos?) acho que por causa do meu nariz torto e arrebitado demais. Também por causa de minha natureza inquieta e questionadora. Talvez não conseguisse mesmo ficar sentada atrás de um piano aprendendo dó, mi, fá sol, lá si  - mas ainda tenho vontade. Também por causa das minhas pernas grossas, do meu pé pequeno nº 34, do meu aparvalhamento, da minha teimosia, da minha falta de tato, da minha língua solta e da minha impulsividade. Sim, isso é uma parte de mim - tenho milhares, embora hoje consiga carregar menos nas tintas, domando melhor meus aspectos negativos e assim conseguindo mais flexibilidade, liberdade e leveza.

Sim, eu uso maquiagem. Adoro pintar faces, olhos, papéis e principalmente o sete. Mas me sinto linda mesmo sem rímel, blush e batom. Talvez porque, ao longo do tempo, eu tenha aprendido a ser totalmente eu mesma e isso me trouxe muito aprendizado e muita liberdade. Quando somos nós mesmos, ficamos extremamente à vontade seja maquiada ou de cara lavada, seja num Chanel ou num vestido de algodão que colocamos à noite para nosso merecido descanso. Porque como dizia a própria Mademoiselle Chanel: “Procure a mulher dentro do vestido, se não há mulher, não há vestido.” Certamente porque eu seja, hoje, mais bonita do que nunca. E talvez porque eu não fique mais esperando o olhar do outro para me sentir assim. Quando me olho no espelho, me sinto extremamente bem e feliz no papel de mim mesma e me sinto belíssima em minha própria pele ou em qualquer pele que eu queira usar, até a dos casacos.

Sim, eu me destaco. Chamo atenção positivamente das pessoas e demorei algum tempo para entender o que isso significava e, principalmente para aprender a lidar corretamente com essa característica que hoje considero um dom e uma parte inerente de mim. Nasci assim, sou assim e verdadeiramente amo ser assim. Gosto de aparecer e apareço, até mesmo sem querer. Adoro ser admirada. Adoro ser cortejada. Adoro ser paparicada. Adoro aconchegos e mimos. E adoro ser elogiada. Admiro e elogio também, mas somente quando algo me toca, me instiga ou me fascina. Adoro essa troca que a vida proporciona. Ela nos traz um olhar sobre o outro e sobre nós mesmos que poder ser muito bonito e enriquecedor.

Sim, eu tenho cuidados com minha saúde e estou na minha melhor forma e no meu melhor momento em todos os aspectos. Aliás, um parênteses - quem se ama de verdade, tem amor e brilho próprios - além, obviamente de inteligência e elegância, para dizer o mínimo - sempre estará em sua melhor forma e em seu melhor momento. O tempo aqui - ao contrário do que acontece com pessoas descontentes com a vida ou consigo próprias, por qualquer motivo que seja - é o maior e melhor aliado. Sim, meu manequim é 36 e peso 50 Kg em 1,66 de altura. Descobri uma maneira maravilhosa de exercitar meu corpo e minha mente e minha alimentação é uma delícia de tão fresquinha, gostosa e saudável, mas não faço o tipo “empirocada da cabeça” e não sou definitivamente adepta do “modo obcecado paranóide robótico” de ser de quem vende até a alma para seguir os padrões da forma física (e psíquica) “esquálida-esquelética andróide” sem expressão e sem forma. Penso que a beleza - em todos os sentidos - e a boa forma física são aspectos muito mais de dentro para fora do que de fora para dentro. Ter uma alimentação adequada, boa e saudável e ter uma boa qualidade de vida física, psíquica e emocional podem fazer muita - na maioria das vezes, toda a - diferença na beleza como um todo.

Não, não tenho botox, nem preenchimentos e nada do gênero e, decididamente, precisarei de mais uns 25 anos, pelo menos, para fazer uso deles, sem nenhuma hipócrita modéstia. Sim, minha genética foi generosíssima comigo, obrigada. E sim, acho horrível e esteticamente monstruoso esses rostos sem expressões de quem fica com essas bochechas rosadas brilhantes de preenchimento, essas bocas de pato, esses olhos arregalados e sobrancelhas arqueadas de Sr. Spock de tanto botox. Inteligência, bom senso, moderação e equilíbrio podem ser o limite entre o belo e o ridículo.

Mas não, não abro mão das minhas vitaminas, das minhas massagens, das minhas meditações e dos meus cremes que são verdadeiras bênçãos. Gosto muito de todas essas possibilidades de cuidados com a própria saúde. E estou aprendendo a gostar muito de água... Mil vivas. Aliás, estou aprendendo muitas coisas ultimamente... mais mil vivas.
                                                                             .
Não, não consigo deixar os chocolates e os "doces de criança" - como eu os denomino - meus únicos pecados e vícios alimentícios. Juro que tento resistir a eles e, para tanto, lanço mão até de meditações, mantras, palitinhos de cenoura e qualquer receitinha que me passam para "distrair" minha ensandecida vontade  -como se ela fosse se deixar enganar assim tão fácil. Mas a luta é desigual e o chocolate sempre vence no final. Desisti de tentar resistir, mas hoje me imponho uma mínima disciplina. Funciona na grande maioria das vezes.

Sim, eu tenho muitas roupas e muitos sapatos e muitas bolsas e muitos perfumes e muitos cremes e muita maquiagem e muitos óculos e muitas jóias e muitos livros e revistas e muito das muitas coisas que gosto. Para o bem - na maioria das vezes - e para o mal - em raros casos - não me contento nunca com pouco. Não sei, mas acabo sempre considerando isso mais qualidade do que defeito - também em outras diversas situações da minha vida. Sou consumista, admito. E exageradíssima, como todas as mulheres verdadeiramente mulheres que se amam, se cuidam e amam ser mulheres com todos os seus excessos, loucuras e beleza. Mas nunca deixarei de considerar caráter, educação, ética, inteligência, elegância, bom humor, cultura, conhecimento, alma, coração, paz e felicidade real mais importantes do que tudo o que existe. Mas hoje, às vezes consigo me conter um pouco. Não porque me transformei em “ativista anti consumismo neo chatismo”. Decididamente não - até porque quem é assim como eu, nasce assim e será sempre assim, de uma forma ou de outra - mas porque estou em uma fase onde a prioridade mudou um pouco de foco. E daqui a pouco muda de novo e de novo e de novo...

Sim, eu já sofri pelas "coisas do coração". Muitas vezes. Já fiz sofrer também, até mesmo involuntariamente e sofri imensamente por isso. Mas a vida ensina quando estamos preparados para aprender - me arrependi, aprendi e também já me perdoei. E sigo adiante, já que tudo é experiência e aprendizado quando entendemos os processos de crescimento e amadurecimento e nos propomos a eles. E já perdi muita gente amada para sempre mesmo, daquela maneira definitiva, de forma abrupta e doloridíssima. Mas com esses “arrancamentos” aprendi a transformar a dor em força, impulsão, em mais beleza e em crescimento.

Sim, eu sou muito feliz, amo ser quem eu sou, tenho tudo o que eu quero e só tenho a agradecer. Porque amo e sou amada, porque Deus colocou e coloca sempre em meu caminho e em minha vida pessoas lindas, dotou-me de muita inteligência, muito caráter, muita ética, muita determinação, muita coragem e muita fé e a soma de todos esses fatores resultam em muita sorte e em muitas realizações. Amo minha profissão e tudo o que faço, meu anjo da guarda é o mais maravilhoso que se tem notícia, gosto das pessoas e acredito no amor, na felicidade e no bem, e, exatamente por isso, eles são meus companheiros diários e eternos.

Sim, sempre vai faltar alguma coisa, seja lá no que for e faz parte da maturidade entender isso como natural... Freud disse que somos sujeitos insatisfeitos. Gosto muito dessa perspectiva psicanalítica, pois quem está insatisfeito - não com tudo e não demais, claro - sempre quer buscar mais, quer aprender mais, quer doar mais, quer receber mais. Adoro receber: amor, pessoas, flores, presentes, e-mails, carinho, abraços, beijos. Dôo também, sempre, até quando não é para doar ou não querem receber. Mas acho sempre melhor sobrar - também não muito - do que faltar. O que sobra a gente pode aparar ou reciclar e transformar em muitas outras coisas, já o que falta...

Não, definitivamente não nasci para ser, ficar ou viver sozinha. Adoro pessoas. Adoro movimento. Adoro conviver. Adoro a vida. Adoro viver. Mas, sim, sinto-me sozinha, às vezes. E não me assusto mais com isso. Acho-me ótima companhia. Essa força maior que me guia e essa luz imensa que vem de dentro vão se transformando em flores no meu caminho e no meu olhar para o mundo.

Sim, já travei batalhas quase medievais comigo mesma e com o mundo, que se transformaram, exatamente porque batalhei muito, em tudo de maravilhososo que eu sou e tenho e me orgulho muitíssimo de mim. Sempre fui muito guerreira e descobri muito cedo a força inquebrantável que eu tenho, para tudo. E isso me deu suporte para transpor as barreiras que, aos pés de qualquer outra pessoa, seriam intransponíveis. Orgulho-me muito dos meus ganhos e também das minhas perdas, mas, principalmente da maneira como lido com eles. Sou o que sou hoje, em todos os aspectos, graças a essa força e verdadeiramente amo quem eu sou. Fiz as pazes comigo e com o mundo há muito e hoje vivo em lua de mel com meus botões.

Sim, eu já nasci elegante, perfumada, de salto alto, cheia de penduricalhos e fazendo barulho. E não sou fútil. Sei e gosto de me vestir muitíssimo bem. E não tenho nenhum problema com isso, nem para vivenciar nem para dizer. E mesmo que eu tivesse, a minha imagem falaria por mim, inevitavelmente... Já disseram até que eu crio tendências... vai saber. E também que eu deveria entrar para o mundo da moda... E também que eu deveria escrever livros sobre estilo, moda, elegância e etiqueta... quem sabe. E quanto a ser fútil ou qualquer outra coisa, conquiste o privilégio de me conhecer e conviver comigo primeiro...

Sim, amo enlouquecidamente o inverno e sou apaixonada com o tempo frio. Tenho ascendência e sangue espanhóis - da Andaluzia - e muitas das minhas características são européias. Acho o inverno maravilhoso, em todos os aspectos. O sol brilhante no céu azul de brigadeiro me faz sorrir e sinto-me verdadeiramente feliz com ambos, mas para mim a temperatura, durante todo o ano, nunca passaria dos treze graus. Amo verdadeiramente o inverno e o tempo frio. Mas a primavera e o outono também me encatam. A primavera me faz florescer e me recriar e no outono deixo as velhas folhas caírem para, talvez fertilizarem outros campos e jardins e para que eu possa receber outras novas e belas, me preparo e me aquieto para resurgir no aconchego e na beleza do inverno novamente.

Sim, gosto de música classica e jazz. E amo tudo dos anos 80. Também alguma coisa de MPB e bossa nova. Adoro ballet, flamenco, tango e danças em geral; concertos, museus, teatro, meus muitos e queridíssimos livros, poesias, artes, história, bons e inteligentes filmes, boas e inteligentes conversas. Amo vinhos, espumantes e sair para jantar - a gastronomia, tanto internacional como nacional me fascina. Tenho loucura por tudo com chocolate, nozes, avelãs e amêndoas e também nutella, leite condensado e sorvete de flocos, pistache, café e baunilha. Café espresso e cappuccino são paixões e nunca abro mão das minhas saladas, dos chás, de todos os queijos, das frutas - morango, lichia, manga, kiwi, uva, melão, maça, pêra, laranja e mamão e leite com nescau gelado à noite.
                                                                            
Não, decididamente não gosto de samba, pagode ou qualquer coisa do gênero. E não ser um bom sujeito, ser ruim da cabeça ou doente do pé e qualquer outra coisa parecida, nesse caso, é para mim, um verdadeiro e primoroso elogio, acreditem. Sertanejo e funk nem nascendo de novo mais um bilhão de vezes.

Sim, saio desfilando por aí, como modelo, como eu mesma, como rainha, como plebéia, como fada e como bruxa. E me mostro, sem medo. O que sou, sou. E sendo, alguns privilégios se transformaram em direito, porque foram conquistados e trabalhados diariamente, num exercício constante de aprimoramento.

Sim, tenho amigos lindos - de infância e adolescência, de depois da adolescência, da vida adulta e madura, de depois e depois de vários depois, de vários lugares, de todas as idades - verdadeiros, iluminados, companheiros, amados e talentosos que seguem comigo - de perto ou de longe geograficamente, mas sempre perto e lado a lado no coração e nos pensamentos - nessa viagem louca de viver, todos os dias. E são eles meus mestres, meus amparos e meus tesouros. Sim, eu tenho muita sorte.

Sim, vez ou outra, convivo com uma ou outra tristeza, uma ou outra frustração, uma ou outra decepção. São, às vezes muito difíceis, mas nenhuma é grande o suficiente para me fazer infeliz e nem forte o bastante para me derrubar, pois aprendi a elaborá-las e dar a elas apenas o valor que elas possuem, nem mais, nem menos. Com o passar do tempo descobrimos que essas pequenas decepções e frustrações não conseguem fazer tanto barulho assim, porque, ainda que elas aconteçam, estará sempre em nossas mãos a escolha de como queremos nos sentir e de como iremos lidar com elas.
                                                                           
Sim, eu tenho uma percepção apurada de mim mesma, das pessoas à minha volta, dos sentimentos, das sensações e das coisas de um modo geral. Dizem que essa percepção nasce com a pessoa que a possui. É um dom, algo inerente à essência da pessoa e constitutiva de sua subjetividade. Nasci assim, sou assim. Isso me traz muito crescimento e eu gosto muito disso. Talvez por isso mesmo, gosto muito da vida, acredito e gosto muito das pessoas, gosto muito de boas conversas, gosto muito de conviver, gosto muito que é belo - e não só fisica ou esteticamente falando. Gosto muito de ajudar no que eu puder, sempre... mesmo que as pessoas não mereçam, não reconheçam e, por vezes, estejam até muito aquém de qualquer ajuda, seja por estupidez, incapacidade, covardia ou falta de inteligência mesmo... isso é problema delas, é entre elas e a Força Maior (que eu chamo de Deus e cada um pode chamar do que quiser) e, decididamente, isso e alguns pormenores da vida não mudam em nada quem eu sou, não mudam a minha essência, minha alma e meu coração, não mudam a minha crença na vida e nas pessoas e, principalmente, não mudam os caminhos maravilhosos, iluminados e prósperos pelos quais escolho todos os dias seguir.
                                                                                   
Sim, sei que, por ser quem eu sou e me apresentar de determinadas formas específicas em diversos segmentos de minha vida, estou propensa a olhares mais observadores e, às vezes, nem tão bons de muitas pessoas - algumas literaturas definem isso como inveja. Pode ser - e aqui não há nenhuma postura arrogante ou idéias megalomaníacas como alguns, por puro desdém, insatisfação com a própria vida e seus desdobramentos ou por pura e autêntica inveja, podem supor. Apenas tenho conhecimento e valorizo muitíssimo a pessoa que sou. Gosto de mim mesma, da minha essência, da minha inteligência, da minha elegância, dos meus valores, das minhas qualidades  - e até dos meus defeitos, porque não? - das minhas lutas, das minhas transformações e crescimento, da minha vida e sei que essas coisas podem mesmo despertar, no mínimo a curiosidade e também a tão terrível a inveja das pessoas. Acontece em todo o canto do Planeta, com muitas pessoas, a todo momento. Decididamente não me importo e não me permito deixar-me afetar com essas pequenezas. Tenho realmente coisas muito mais importantes e enriquecedoreas para fazer em minha vida. Quem sente isso ou aquilo em relação a uma outra pessoa - principalmente se forem sentimentos não tão bons e nobre que consiga lidar com isso. Fazer o que? Ignoro solenemente essas pessoinhas que considero medíocres e procuro a saída mais bem-humorada para esses casos: continuo minha linda e próspera caminhada feliz da minha vida, me benzo, ando com meus patuás, figas, sal grosso e arruda e o que bate aqui volta e em carga dobrada, porque a lei de causa e efeito - ou da ação e reação ou lei do retorno, como queiram - é infalível e, principalmente, porque sou “abençoada por Deus e bonita por natureza”.

Não, eu não sou tão paciente, tão sensata, tão consciente e tão constante quanto eu gostaria, mas como acredito que algumas coisas nessa vida funcionam na base da compensação, sei que meu altruísmo, minha generosidade, minha lealdade e meu coração de natureza boa suplantam minha impaciência, minha impulsividade, minhas fraquezas e minhas infantilidades... Arghhh.

Sim, eu sou um mulherão. E sou bailarina, atriz, malabarista, apresentadora, mãe, avó, tia, santa, profana, fada, bruxa, psicanalista, namorada, amante e pianista. Conquistei e adquiri o direito de poder exercer tudo isso. Construí meu próprio palco. E sou a atriz principal nele, sempre.

E sim, eu sou muito poderosa. E forte. Mesmo porque é em minhas entranhas que luto, descanso, me recrio, me renovo e revivo. É por dentro que preparo meus monólogos, meus diálogos, minhas trocas de figurino, meus atos. E sim, sempre haverá quem - geralmente os infelizes, desocupados e mais uma vez, os invejosos - ache isso ou aquilo, assim ou assado para tudo que fazemos ou somos e, no meu caso, há muito isso não me importa e não há nada que me faça perder tempo com essas pobres almas, pois, decididamente esses "achismos" não mudam o que verdadeiramente e maravilhosamente eu sou. Mas, como eu não tenho controle sobre isso, assim como não se tem controle sobre um tropeço ou um espirro no palco; aprendi a improvisar, a criar, a recriar, a reinventar e seguir lindamente adiante.

Sim, sou fera, sou bicho, sou anjo... sou mulher!!!